A história da série Seiko SKX – de 1996 a 2019!

Em meados dos anos 90 o impacto causado pela revolução do quartzo já havia se dissipado quase que totalmente e os relógios mecânicos continuavam sua trajetória com a Seiko cada vez mais se consolidando como uma potência no mercado dos modelos automáticos de mergulho. Nesse período a empresa resolve encerrar a linha de diver’s com calibre 7002 e no ano de 1996 é lançada sua sucessora, a família SKX com o recém apresentado cal. 7S26.

Como comentei no artigo que trata do cal. 7002, este maquinário foi desenvolvido em um momento de contenção de gastos, ainda sob a forte pressão dos relógios a quartzo, porém, passadas as décadas de turbulência, a Seiko melhorou seu projeto e agora anunciava um novo calibre automático de entrada, o 7S26. A série SKX trouxe como foco a qualidade da construção tanto dos relógios quanto dos maquinários, além de uma excelente resistência e do preço final extremamente competitivo. Os carros-chefes da coleção foram o Seiko SKX007 e SKX009, que detalharemos futuramente em artigos próprios.

O design desses relógios descende de uma longa linha de diver’s da empresa que remonta ao ano de 1965, quando a Seiko lançou o primeiro relógio de mergulho profissional do Japão, o 62MAS, e mais recentemente se inspira de maneira direta no projeto do Seiko 6309-729X (review aqui), apelidado de “Slim Turtle”. São traços que, ao batermos os olhos, mesmo de longe, sabemos se tratar de um relógio Seiko e essa foi exatamente a intenção da marca.

Quando apresentados ao mercado, os primeiros SKX traziam como chamariz o fato de serem um relógio de mergulho profissional, com impermeabilidade a até 200 metros sob a água garantida por certificado ISO 6425, reserva de marcha de pelo menos 41 horas, um lindo e limpo design, mostrador de fácil leitura, ponteiros e marcadores de horas recobertos pela poderosa tinta luminescente Lumibrite da Seiko, ótima resistência ao magnetismo e a choques, coroa rosqueada localizada às 04 horas, bezel unidirecional com 120 cliques girando à esquerda, opção de pulseira de borracha ou aço estilo jubileu, fundo rosqueado estampando a clássica tsunami Seiko em alto-relevo e, além de tudo isso, a Seiko utilizou uma liga própria de aço de altíssima qualidade que, ainda hoje, assegura uma enorme resistência à oxidação e ao desgaste desses relógios. Fechando o detalhamento com chave de ouro, cada peça era vendida abaixo dos 200 dólares!

Apesar desse valor ser relativamente alto para a maioria dos americanos que não se importam com relógios e que podem comprar muitos exemplares abaixo dos 50 dólares, quando falamos de um diver profissional, a história muda, pois raramente víamos um relógio com certificado ISO 6425 por menos de 400 dólares, ou seja, mais que o dobro do preço de um SKX. Impulsionando ainda mais esse frenesi inicial, revistas e sites especializados começaram a refazer suas listas estilo “Top 10” ou “melhores relógios” onde o SKX passou a liderar muitas delas, posicionando-se comumente à frente de relógios que custavam mais de 500 dólares e aparecendo em listas de melhores modelos abaixo de mil dólares, mesmo custando um quinto desse valor. Assim, a série SKX foi se tornando um sucesso de vendas, começou a frequentar os pulsos de grandes colecionadores que, até então, miravam apenas as mais altas marcas suíças e, em alguns casos, até mesmo desconheciam os relógios produzidos pela centenária marca japonesa. Por essas e outras não considero um exagero, nem de longe, quando afirmo ter sido a série SKX a responsável por sedimentar a terceira grande onda da Seiko sobre o ocidente, o que estimularia a emancipação da Grand Seiko em 2017 e o seu consequente avanço sobre as grandes marcas suíças, mas isso já é uma conversa para outro dia.

Acumulando uma enorme qualidade e ótimos preços, a série SKX se tornou a queridinha de muitos customizadores mundo afora. O mercado das modificações estava em alta entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000 e a linha SKX surfa nessa onda até os dias de hoje, possuindo alguns dos relógios mais customizados de todos os tempos. Muitas empresas começaram a fabricar partes compatíveis com esses relógios que já contavam com um incentivo dentro da própria Seiko, uma vez que muitos outros modelos com detalhes, cores e acabamentos foram lançados na série SKX, além de seu calibre e muitas de suas partes terem sido projetados para ser compatíveis com seus antecessores de cal. 7002, cal. 6309, dentre outros.

As vendas seguiam a todo vapor quando ano 2000 a Seiko inaugura uma linha completamente nova de relógios dentro da série SKX, rapidamente apelidada pelos entusiastas de “Monster”! A primeira geração do Monster foi compostas pelos modelos SKX779 e SKX781 de produção em série e calibre 7S26, além de edições limitadas com calibres diversos e outras referências como SKZ e SRP – brevemente teremos um Guia Completo da série SKX e da série Monster, aguarde.

A série Monster se mostrou outro grande sucesso e no ano de 2019 chegou à sua quarta geração, como relatei aqui, porém apenas parte de sua primeira geração está localizada dentro da família SKX, uma vez que adotou o calibre 4R36 como regra a partir da segunda geração, passando definitivamente para o prefixo SRP. Os demais modelos SKX continuaram até que no ano de 2019, após vinte e quatro anos de produção e milhares de peças vendidas, a Seiko encerra oficialmente essa vitoriosa linha de produtos, mas não abandona completamente seu projeto campeão, lançando a nova série Seiko 5 Sports que, embora não seja composta por relógios de mergulho, adota muitas das características dos diver’s clássicos da empresa e uma grande compatibilidade com o SKX.

A série SKX já deixou saudade e como era de se esperar a procura por seus produtos aumentou ainda mais em todo o mundo, assim como os preços! Para piorar a situação esses modelos não são enviados oficialmente para o Brasil desde 2015, o que só colabora com seu encarecimento. Quando começaram os rumores de que a produção do SKX seria encerrada em 2019 lembro de ter visto o comentário de um sujeito em um fórum internacional alegando que havia comprado algumas peças “Made in Japan” assim que ouviu os boatos, no intuito de revendê-las após a valorização. Obviamente ele foi duramente criticado naquele tópico, porém todos sabiam que essa valorização viria. Ontem mesmo encontrei um SKX007J1 à venda em uma renomada loja americana na faixa dos 400 dólares sem impostos ou taxas, no começo do ano passado a mesma loja vendia esse relógio por 245 dólares.

Encarado como um clássico contemporâneo da Seiko, o SKX marcou presença no mundo por mais de duas décadas e pode ter certeza que essa história não acabou, certamente a Seiko guarda algumas cartas na manga e eu poderia apostar que nos próximos anos teremos edições especiais e limitadas desse relógio, com pequenas mudanças, calibres superiores e preços mais salgados, obviamente.

E você? Possui ou pretende adquirir um legítimo Seiko SKX para manter em sua coleção? Comente abaixo e não deixe de assinar nossas notificações por e-mail, de se inscrever em nosso canal no YouTube, curtir nosso Facebook e de nos seguir no Instagram. Forte abraço!