Por que há tantos Seiko exclusivos na Tailândia?

Nos últimos anos temos visto uma verdadeira avalanche de edições especiais e limitadas no universo da relojoaria. A indústria percebeu o sucesso que esses relógios sempre fizeram entre os entusiastas e tem investido cada vez mais em peças do tipo.

Boa parte das novidades da Seiko nós comentamos por aqui e um detalhe chama a atenção de quem está antenado nesse universo do colecionismo, o volume dessas edições exclusivas provenientes da Tailândia é descomunalmente maior do que de qualquer outro país! O que há de tão especial na Tailândia e qual é a razão de outras nações não receberem esse “tratamento diferenciado” por parte da  Seiko?

Há aproximadamente três anos eu estava em um fórum com grande participação de asiáticos e discutíamos essa aparente predileção da Seiko pela Tailândia quando um local comentou que a Seiko por lá “era rei”. Usando essa expressão ele disse que o marketing desta empresa é muito bem aplicado em seu país e que todos os seus amigos e familiares tinham enorme preferência pela Seiko. Achei realmente interessante os comentários do rapaz (que pela foto não tinha mais de 25 anos) e passei a dedicar ainda mais atenção àquela região.

A questão analisada começou a fazer mais sentido quando o vice-presidente executivo da Seiko, Minoru Ishiguro, comentou em entrevista que “a Tailândia é o maior e mais influente mercado do sudeste asiático, um dos três maiores da Ásia e tem um enorme potencial para crescer e expandir sua classe média nos próximos dois anos. Tendo isso em vista, a Seiko planeja tornar a Tailândia sua base de marketing para avançar sobre o Sudeste Asiático”.

A fala de Ishiguro é corroborada pelo fado da Seiko possuir fábricas nesse país há muitos anos e ter, mais recentemente, inaugurado um belo complexo destinado ao desenvolvimento de design na mesma região. Contribuindo ainda mais para o sucesso dessa estratégia está uma informação pouco difundida, mas capaz de, definitivamente, explicar a forte relação do país com a Seiko. Ocorre que o governo tailandês parece ser muito próximo da Seiko ao ponto de estar por trás de diversos pedidos de relógios exclusivos da marca. O próprio Rei Rama IX da Tailândia, conhecido por ser tão amado pelo seu povo quanto rico (tido como o monarca mais rico do mundo em sua época), era um apaixonado pelos relógios Seiko e possuía uma grande coleção dessas peças.

São pontos cruciais capazes de explicar essa profunda relação que possibilitou, até mesmo, o lançamento de uma coleção exclusiva da Tailândia, a sensacional série Zimbe – falarei mais sobre ela ainda este mês. Já do ponto de vista comercial a estratégia da Seiko vem alcançando bons resultados, uma vez que esses lançamentos exclusivos da Tailândia às vezes nem chegam às prateleiras das relojoarias e costumam disparar de preço em pouco tempo, como ocorreu com o Seiko Snow Monster.

Ao que parece a Seiko não vislumbra mudar seus planos, especialmente por conta da gigantesca demanda local e do apoio demonstrado pelo governo tailandês. Não obstante tal posicionamento, temos visto um acréscimo no número de peças exclusivas lançadas também em Singapura e um pouco mais de atenção destinada ao mercado ocidental, com edições limitadas sendo apresentadas na Europa e nos Estados Unidos.

Por aqui alguns desses relógios costumam chegar através de certas relojoarias e também por importação direta, porém sempre em estoques bem limitados, sendo capazes de alimentar apenas poucos – e ágeis – colecionadores. E você? O que achou desses relógios?

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