Seiko Turtle Nemo fake? – Fakes Hunter #3

Continuando a série Fakes Hunter, hoje analisaremos um Seiko Prospex Turtle “Nemo” SRPC95 enviado pelo amigo e colecionador Carlos Sakamoto. Esses artigos têm dado ótimo retorno ao evitar que nossos amigos leitores caiam em fraudes, participe e envie sua dúvida.

Como disse outras vezes, se o Seiko Turtle que você viu não estiver em nosso Guia completo do modelo (veja aqui), provavelmente há algo muito errado com ele. O mercado brasileiro parece ter sido inundado por réplicas, analisemos o suspeito de hoje.

Na imagem acima vemos o anúncio de um “Relógio Seiko Scuba Diver Turtle Padi” e o primeiro fato duvidoso está no próprio título, já que claramente não se trata da edição especial PADI (Seiko Turtle de código SRPA21) e como minha saudosa avó dizia, “deixa uma pulga atrás da orelha”. O segundo questionamento surge do decalque do bezel, pois é possível perceber que o lume às 12 horas aparece em alto relevo quando deveria ser em baixo relevo. As cores também estão feias, desbotadas, embora o duo azul e laranja corresponda ao “Nemo”.

O aro interno é laranja com os traços dos minutos em preto e coincide com o original, entretanto novamente a cor está um pouco queimada e os marcadores mais grossos a cada cinco minutos deveriam ter o dobro dessa espessura. O fato do aro interno estar tão deslocado para a lateral denota uma montagem descuidada, todavia há relatos de relógios vindo com esse problema – infelizmente – de fábrica.

No mostrador temos um dos maiores problemas, sabe-se que os Turtles modernos da Seiko vêm equipados com calibre 4R36, contudo lemos cal. NH36 neste mostrador, logo abaixo do marcador das 6 horas. Ora, NH36 é uma versão do cal. 4R36 “sem marca” que a Seiko produz e revende para outras fabricantes de relógios, então jamais haveria um mostrador Seiko com essa inscrição. Outro ponto é que os marcadores das horas aparentemente não têm o acabamento prateado que esperaríamos nesse relógio, a borda parece ser preta.

Ademais, a cor do mostrador do nosso suspeito se inclina levemente para o rosa, algo salmão, o que diverge do lindo tom laranja metálico “sunburst” do modelo original. Os ponteiros parecem corretos, embora não haja uma foto do segundeiro parado para melhor observação e falta o cristal Hardlex com a lente de aumento sobre o calendário, imperdoável em um relógio “novo”, como dizia o anúncio.

O fundo do nosso suspeito é ainda mais descarado. Vemos à esquerda da Tsunami Seiko a referência 4R36-04Y0 que não confere com o esperado, deveria haver ali a gravação 4R36-06T0 para o Nemo. O calibre 4R36 gravado no fundo distingue do NH36 exibido no mostrador, reforçando a inconsistência. Em seguida reparamos no número de série 630711 que é o mesmo das demais réplicas que analisamos, certamente fizeram esse fundo aos milhares!

O acabamento da tampa traseira deve ser polido na parte externa, escovado de maneira circular na parte intermediária e polido no centro onde está gravada a Tsunami Seiko. Observe que não há escovação circular em nosso suspeito, existe apenas um acabamento fosco e a Tsunami é ligeiramente irregular. Ainda mais gritante é a gravação da palavra SEIKO, simplesmente usaram uma fonte que lembra a oficial. A letra “O” da Seiko é redonda e de mesma espessura em toda sua extensão, na réplica vemos que ela afina nas extremidade, o “S” também é claramente distinto, “Air Diver’s 200 m” deveria estar em negrito, enfim, são fontes diferentes e toda a tampa traseira foi fabricada para se parecer com a original.

Na foto acima a coroa nos chama a atenção pelo seu volume. O Seiko Turtle é conhecido por possuir uma coroa mais discreta que fica parcialmente “guardada” na caixa do relógio, dispensando barras de proteção como no caso do Seiko Samurai.

Assim, reparando nas imagens anteriores podemos observar como nosso suspeito possui a coroa ligeiramente maior, embora o acabamento em forma de garras de moeda seja muito parecido com o original.

O bracelete é idêntico aos demais que já analisamos e como não há fotos do fecho não tenho como tecer considerações, porém duas fotos acima é possível ver a ponta do pino dobrado no primeiro elo do bracelete. Ocorre que o original é um pino irritante – mas muito eficiente – que vem com uma micro abraçadeira para ser encaixada (e perdida no mínimo descuido, especialmente se já estiver com certa idade como eu) em uma das extremidades e assegurar a máxima eficiência do relógio, não deveria existir pino dobrado nesse modelo.

A caixa como um todo parece correta, embora merecesse uma inspeção pessoal. Meu veredito é de que se trata, SEM DÚVIDA, de um relógio com diversas modificações e peças adulteradas, uma réplica que pedem absurdos R$ 1100,00 por ela (já pediram mais), mas que não vale R$ 100,00.

Encontrou algum relógio suspeito? Duvidou de algum detalhe ou das palavras do vendedor? Envie sua questão nos comentários abaixo que será respondida o mais brevemente possível e, dependendo do caso, poderá se tornar mais um artigo da série FAKES HUNTER!

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